É um desânimo frio. É uma uma lembrança dinâmica. É uma dor estática.
É uma estátua de ferro. E pés de aço. É um véu que toma o corpo.
É uma dúvida certa. E uma certa dúvida. É um crime pagão. Criminoso cristão.
É tudo e não é nada.
É crer onde não há crença. É a crença de não crer em nada. É sorrir chorando.
É chorar e não rir. É oposição e situação. É situação oposta ao que se diz.
É o inominável, o fim de partida. É literatura e é drama. É drama e não é teatro.
É tudo e não é nada.
É a lembrança que machuca. O machucado que faz lembrar. É o corpo estafado.
É falar e não ouvir. É não ouvir falar. É comer a própria fome. E sentir o ar.
É uma densa névoa, sem guerra. É uma guerra sem névoas. É tiro e paz.
É tudo e não é nada.
E quanto mais explico, conecto idéias, escrevo, penso, cada vez que alguém diz teu nome, teu apelido, teu rosto, teu corpo; cada vez que vejo tua boca, minhas memórias abrem a tranca da poça d'água salgada, que não devia cair, nem rolar, nem nada.
Um nada doído. Um nada que é tudo e por isso é nada. Um nada confuso, como isso que escrevo. Se o que sinto não pode ser descrito, se fica confuso, é porque não há explicação lógica, não há realidade, não há racional ou emocional que tenha, para tantas lembranças, descrição possível.
E se comparo à dor da amiga, dor de gente falecida, dor de gente doída, pode até parecer que, de fato não é nada. E é por isso que escrever é sempre mais de uma dor. A de lembrar, de escrever, de corrigir, de organizar. E decepcionar, porque o sentir é sempre maior.
Hoje não.
Hoje só confusão. Hoje sem rojão, hoje qualquer palavra entra. Qualquer bebida refresca, hoje tudo é outra coisa. Hoje tudo é você. Hoje tudo sou eu.
Hoje sou só ontem.
É que à época não havia isso que chamamos de memória. Você pode achar que é desagradável, mas tem também seu lado bom. Depois que a gente faz algo de errado, não precisa se culpar. Mas há seu lado ruim, uma vez ouvi de alguém uma história bem assim...
E antes que a sensação boa flua por toda a pele aquela outra sensação toma conta.
E antes que a música acabe já estou arrependido de ter lembrado de tantas sensações.
E arrependido de começar a escrever.
E já não sei se escrevo àquela que era dona da música,
ou àquela que é dona dos meus sentimentos,
ou àquela outra na qual me vejo, e a vejo, imaginando a si mesma enquanto lê.
E me arrependo de ter continuado a escrever.
A música encerra e recomeça.
E já não sei que memórias acionar e que memórias abandonar.
Há tempos que venho tentando descrever e me pergunto:
seria descrever o ato de apagar?
E me arrependo ter escrito e descrito e lembrado e esquecido.
E me arrependo de ter vivido. Porque dói depois que a gente morre.
Os olhos hidrelétricas.
As veias seriam rios.
E sentimentos eletricidade.
O coração teria visão.
Em frente à Baía de Guanabara é que se conheceram, meio por acaso, dizem...
.
Ele me acorda perguntando: ~ o que foi que eu fiz?
Tentando não gritar de novo, cochicho: ~porra, é sério que preciso dizer?
É sério que preciso dizer que tu abala minhas estruturas?
É sério que preciso dizer que me sinto uma completa imbecil por pensar em ti pelas ruas?
É sério que preciso dizer que há muito tempo alguém não entrava tão fundo nesse jardim completamente fechado?
É sério que preciso dizer que isso é a coisa mais estúpida e mais linda que me aconteceu nos últimos tempos?
É sério que preciso dizer que tu não entendeu que eu me apaixono por 32 segundos e depois desapaixono?
É sério que preciso dizer que já se passaram 32 segundos?
E é sério que preciso dizer que já se passaram mais de 32 dias até?
Voltei minha cabeça no travesseiro.
Nunca uma xícara de café foi tão silenciosa como a que veio em seguida.
tem água, rio e até pão.
O mundo é mesmo bem grandão
tem gente homem, gente mulher e até ladrão.
Mas o mundo pode ser pequenininho,
tem mosquito, tem formiga e tem anão.
O mundo é mesmo bem pequenino
ontem mesmo eu encontrei aquele menino.
Mas é bonito esse tal de Planeta Terra,
mesmo que nossa avó fique doente, depois a gente enterra.
É bonito mesmo o planeta Terra,
a gente vê o Sol, a Lua e até alguma cratera.
Um dia eu vou ser bem grandona,
quem sabe posso ser bonita e deixar de ser pequeninha?
Yasmin é meu alter-ego feminino e poeta de 13 anos
Uma janela - que mostrou o céu nascer cinza, azular e 'rosa-morrer' - se postou diante de mim hoje.
E os sonhos que me acompanharam por breves momentos deram espaço à já conhecida e (nem tão) amiga insônia.
E ai de mim se abrir a boca para reclamar.
Há sempre milhões de soldados feridos, meninos bandidos e outras mazelas cujas dores serão sempre infinitamente maiores que as minhas.
Haverá sempre milhões de amigos prendados, companheiros armados e outros seres dispostos a darem uma solução digna e retilínea para meus problemas.
E ai de mim se abrir a boca para reclamar.
Um céu - e ainda que fossem dois ou três ou quatro mil - que não comporta a minha 'felicidade-monstro' bicho inexistente mas que pronto se posta logo aí, presente.
Uma janela - que mostro às vezes ao cobertor, travesseiro ou consciência que valha - da qual não entram pingos de chuva mas caem lágrimas de sal (como o suor dos soldados sofridos).
E ai de mim se abrir a boca para reclamar.
Haverá sempre um para demonstrar com clareza filosófica - destas filosofias que não são de alcova mas cairiam bem a uma prisão - que minha dor não é mais do que o resultado de uma vida de privilégios.
Há sempre algum privilégio para desqualificar a dor.
E ai de mim se abrir a boca.
Não é apenas um caso de cansaço puro e simples.
Não é mesmo nada.
Porque se há tanto na definição da palavra, o paradoxo não é meu.
Não é, também, por nada de novo.
Não é, também, por nada que vá mudar.
Não é, também, por algo que eu tenha feito.
Porque, se escrevo tanto para definir a palavra, é por procurar definição no vazio.
Não é um caso passageiro.
Não é apenas um estado de exaustão pura e simples.
Não é mesmo nada.
Porque, se defino tanto o nada, que importância resta para o tudo?
Quando você ouve aquela música e abre o livro para ler.
E quando você fecha o livro porque a música não te deixa ler.
Não é a música. É o quadro que a música pinta no lugar da sua cabeça que deveria estar vazio para ler outro livro.
Quando você desliga a música e senta.
Quando você percebe que não era a música que não te deixava ler.
É aí que você esquece e desiste de ler.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
E se aquela casar, aquela outra namorar e aquela primeira esquecer. Não mudará o cheiro das fotografias e lembranças. Nem a lembrança de que sonhos não tem cheiro.
tem palavras que me desmontam,
e um corpo que me embasbaca.
Ela tem gestos que a fazem singular,
eu a olho com uma visão plural,
e palavras perto dela são clichês.
Eu sorrio e a vejo em meus sonhos,
tenho ilusões pouco sigilosas,
e um tanto criminosas.
Eu escrevo pensando nela,
ela vive sem saber de mim,
e no final é só um poema mesmo.
Cause my ears are not prepared
To hear what yours eyes are saying
something that I've seen before
something that I've felt before
Even if I've said it before
Even if I've looked at you before
After all we both know you don't want to
Even if I cry
Cause I have feelings too,
Even if you don't care about it.
I've been there before
I've seen that before
I've felt that before
Somethings changing inside you
But It's not a excuse to hurt me
At least, It's not a excuse for you to try to hurt me
And don't you know
I've never loved you,
I've never think about it
Devia ter pensado melhor nas tatuagens antes fazê-las.
E não adianta mais dizer aos outros que não me sinto só. Nem eu mesmo acredito nessas bobagens.
E se as tatuagens tivessem nome, duas delas, certamente estariam apagadas, mas haveria sempre aquela outra, aquela que, por sorte (ou azar, já que não faz sentido) ficaria gravada em minha pele.
E enquanto procurava por aquele DVD perdido em minha casa, aquele vídeo com os tais moços cantando, aquele vídeo que ganhei do signo - imagem mental, e apenas mental, da coisa cujo significado tem seu nome - começo a pensar nas letras tantas que já escrevi e tantas besteiras que já disse.
As tatuagens que coloquei em meu sonho foram, todas três, reais. E quando acordei e me coloquei a pensar na carta que escrevi, ouvindo aqueles moços do DVD, e que talvez te faça pensar que quero te tatuar novamente em meu corpo.
Mas não se tatua a mesma coisa duas vezes
E, quem sabe (se não for muito pragmatismo, muito egoísmo; se não for mesmo muita auto-promoção), se a tatuagem mal feita em meu corpo - ainda que profunda - estragar a carreira da artista ?
E fico a olhar para o envelope verde (cheio de palavras sem sentido, escritas ao som dos tais moços) pensando que talvez fosse melhor não ter tatuado nada. Então olho novamente a tatuagem e sorrio um sorriso de quem sabe que uma marca, por mais dolorida que seja, é sempre uma dor querida.
E quando você pensa em dizer eu desisto de ouvir.
O que você acha que quer, mas não quer insistir?
Todos os dias eu vou e volto até a estrada e descubro que a noite é igual.
Como eu. E não me peça para mudar. Demorei para me engessar.
E se o penar é alto demais, adeus. Não é assim tão difícil dizer.
O que você quer eu não posso dizer.
E quando ouço alguém dizendo o mesmo me parece fantasia.
Algo como um Sol que se põe ao longe, num filme. Bonito de ver, difícil de acreditar.
O preço que me cobra é alto demais.
A noite é longa e és minha amiga.
Esqueças as bobagens que te disse.
Esqueças os poemas que te escrevi.
A noite é longa e minha amiga.
Ainda há tempo para descobrires.
As palavras que engoli em vão.
As palavras que engoli para ter razão.
A noite é dia hoje.
"A lua é mais benigna que o Sol;
alumia mas não brasa"
E hoje, a noite terá fogo.
É noite, minha amiga.
Esqueça o que te disse enquanto era dia.
É noite, minha amiga.
Esqueça o que sonhaste enquanto dormia.
É noite.
se for escrever poesia de entristecer não molhe palavras
se for ouvir música que esconde o sol não veja as nuvens.
Porque não é ali que reside tudo aquilo que é triste,
não é ali que a alma suspira e olha para cima,
procurando a alma d'alma.
Não é no rosto deprimido de um não que reside a dor,
mas na lembrança de tanto sim que passou.
Um papel usado, cheio de notícias velhas.
Um pedacinho assim, que mais parece brinquedo.
Uma folha frágil, cheia de opinião inútil.
Uma folha volátil, cheia de paradoxos.
Um pedacinho assim, onde uma criança passa cola.
Uma série de palavras amontoadas, sem muito sentido.
Uma série de urgências acaloradas, sem muito espírito.
Um pedacinho assim, que vai enrolando num cesto.
A criança mostra a todo mundo:
palavras, notícias, urgências;
nada disso tem importância,
se não virar brinquedo depois.
Eu me sento e, para falar a verdade, já não há luz que ilumine.
Nem lua. Nem eu nenhum.
Eu me pego pensando nas coisas que fiz.
E concluo que nada fiz. Nada que mudasse o mundo.
Eu me sento e já não há mundo.
Me levanto e me lembro do mestre.
E lembro que a metafísica é apenas a consequência de estar mal disposto.
E me lembro da pequena comendo chocolates. Mas já não há pequenas, nem chocolates.
Uma boa lembrança seriam os chocolates. Um doce sentimento que derreteu.
Eu me sento e me pergunto:
Por onde andará a lua
Não.
Não, não espere mil corações.
Não espere emoções.
Não espere por mim.
Não, não espere nada,
nada além de um simples não.
Nada além de um nós, não.
E não, não posso mais te dar o que tu quer.
Não. Não posso mais te oferecer além daquilo que eu fiz.
Não, não tenho mais como provar.
Só não, não dá.
Não.
E não, não espere lágrimas.
Não, não espere rasgos na minha pele.
Não, não há nada mais além de marcas da vida agora.
e sim..
.
Um berro.
Um pulo do precipício.
Ou o oposto disso.
Da empolgação.
Dos tempos de infância. Da adolescência querida. Da energia da vida.
Ou o oposto disso.
Da empolgação, só lembranças.
Ou nem isso.
ei tio pedrin
móia o meu corpin
prá mó di ficá limpin
e dispois eu passá cherin
ei seu pedrin
quero ir lá na festin
vê uns mininu bunitin
e dá muito dus bejin
ei são pedrin
faiz isso pru min
qui o simestre tá nu fim
i eu quéru dançá cus passarin
.
[do baú - 2005]
É o que chamam saudade.
Every time that I look in the mirror
All these lines on my face getting clearer.
The past is gone,
It went by like dusk to dawn.
Isn't that the way
Everybody's got their dues in life to pay
Yeah, I know nobody knows
Where it comes and where it goes.
I know it's everybody's sin
You got to lose to know how to win
Faz meia hora que a deixei. Na casa dela, junto com o sorriso. Faz meia hora que a deixei. Falta uma hora para ligar para ela.
E não sei o que sentir. Ela ainda menos. Faz meia hora que a deixei.
E prometi ensiná-la que não é apenas o mar que permite olhares com o infinito como horizonte. Como prometi a mim mesmo não fazer este tipo de promessas.
Faz meia hora que a deixei. E duas horas que penso nas promessas.
Esta mulher cabe em meus olhos, remota. Como a de Neruda.
Mas meus olhos ainda vêem quando a enxergo.
E permito a mim mesmo um cair de lágrimas. Como aquele que causei inda há pouco, dias atrás. Não é a mulher que é remota, é minh'alma que desistiu de se aquecer.
Crer em mim? Não, nem em nada.Impossível dividir o que nunca existiu. impossível concluir o que não se iniciou. impossível não pensar em você. impossível não concluir que palavras não têm voz própria. impossível não achar que muitas não deveriam ter sido ditas. desprezíveis. meus ouvidos nunca imaginariam. meus olhos tampouco. Tão pouco. se o que dissestes a mim pode agora dizer a outro. tão novo. impossível não concluir. impossível não entender.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
Te amo.
não é pra qlqer um...