O mundo é grandalhão
tem água, rio e até pão.
O mundo é mesmo bem grandão
tem gente homem, gente mulher e até ladrão.

Mas o mundo pode ser pequenininho,
tem mosquito, tem formiga e tem anão.
O mundo é mesmo bem pequenino
ontem mesmo eu encontrei aquele menino.

Mas é bonito esse tal de Planeta Terra,
mesmo que nossa avó fique doente, depois a gente enterra.
É bonito mesmo o planeta Terra,
a gente vê o Sol, a Lua e até alguma cratera.

Um dia eu vou ser bem grandona,
quem sabe posso ser bonita e deixar de ser pequeninha?

Yasmin*

Yasmin é meu alter-ego feminino e poeta de 13 anos
Um céu -  que nasceu cinza e ficou azul e se calou rosado - passou por mim hoje.
Uma janela - que mostrou o céu nascer cinza, azular e 'rosa-morrer' - se postou diante de mim hoje.
E os sonhos que me acompanharam por breves momentos deram espaço à já conhecida e (nem tão) amiga insônia.

E ai de mim se abrir a boca para reclamar.

Há sempre milhões de soldados feridos, meninos bandidos e outras mazelas cujas dores serão sempre infinitamente maiores que as minhas.
Haverá sempre milhões de amigos prendados, companheiros armados e outros seres dispostos a darem uma solução digna e retilínea para meus problemas.

E ai de mim se abrir a boca para reclamar.

Um céu - e ainda que fossem dois ou três ou quatro mil - que não comporta a minha 'felicidade-monstro' bicho inexistente mas que pronto se posta logo aí, presente.
Uma janela - que mostro às vezes ao cobertor, travesseiro ou consciência que valha - da qual não entram pingos de chuva mas caem lágrimas de sal (como o suor dos soldados sofridos).

E ai de mim se abrir a boca para reclamar.

Haverá sempre um para demonstrar com clareza filosófica - destas filosofias que não são de alcova mas cairiam bem a uma prisão - que minha dor não é mais do que o resultado de uma vida de privilégios.
Há sempre algum privilégio para desqualificar a dor.

E ai de mim se abrir a boca.
Não é um estado de espírito.
Não é apenas um caso de cansaço puro e simples.
Não é mesmo nada.

Porque se há tanto na definição da palavra, o paradoxo não é meu.

Não é, também, por nada de novo.
Não é, também, por nada que vá mudar.
Não é, também, por algo que eu tenha feito.

Porque, se escrevo tanto para definir a palavra, é por procurar definição no vazio.

Não é um caso passageiro.
Não é apenas um estado de exaustão pura e simples.
Não é mesmo nada.

Porque, se defino tanto o nada, que importância resta para o tudo?
Quando você se senta e lê.
Quando você ouve aquela música e abre o livro para ler.
E quando você fecha o livro porque a música não te deixa ler.

Não é a música. É o quadro que a música pinta no lugar da sua cabeça que deveria estar vazio para ler outro livro.

Quando você desliga a música e senta.
Quando você percebe que não era a música que não te deixava ler.

É aí que você esquece e desiste de ler.
Espalho pensamentos pela sala de estar.
Vou à varanda deito-me à rede e observo os vizinhos.
Televisões ligadas, sons comuns de pessoas comuns.

Tudo em seu lugar.

Observo os cheiros que vem com o vento. O vento que não vem.
E as lembranças de um gosto que ficou no passado. Ela não voltará.

Tudo em seu lugar.

Ninguém pediu que ela voltasse. Ninguém duvidaria que ela voltasse.
As lembranças que fazem falta não tem um nome, um rosto, uma presença.
São apenas lembranças de quem sabe o gosto amargo de que não nasceu para aquilo.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,


Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

 E se aquela casar, aquela outra namorar e aquela primeira esquecer. Não mudará o cheiro das fotografias e lembranças. Nem a lembrança de que sonhos não tem cheiro.
Ela tem olhos que me devoram,
tem palavras que me desmontam,
e um corpo que me embasbaca.

Ela tem gestos que a fazem singular,
eu a olho com uma visão plural,
e palavras perto dela são clichês.

Eu sorrio e a vejo em meus sonhos,
tenho ilusões pouco sigilosas,
e um tanto criminosas.

Eu escrevo pensando nela,
ela vive sem saber de mim,
e no final é só um poema mesmo.
Talk to me softly
Cause my ears are not prepared
To hear what yours eyes are saying
There's something in your eyes
something that I've seen before
something that I've felt before
Don't hang your head in sorrow
Even if I've said it before
Even if I've looked at you before

And please don't cry
After all we both know you don't want to
Even if I cry
I know how you feel inside
Cause I have feelings too,
Even if you don't care about it.


I've been there before
I've seen that before
I've felt that before

Somethings changing inside you
But It's not a excuse to hurt me
At least, It's not a excuse for you to try to hurt me


And don't you know
I've never loved you,
I've never think about it
And for that, I am so sorry.
Não era nada fora do comum. Eu fiz três tatuagens. E acordei pensando nas tatuagens.

Devia ter pensado melhor nas tatuagens antes fazê-las.

E não adianta mais dizer aos outros que não me sinto só. Nem eu mesmo acredito nessas bobagens.

E se as tatuagens tivessem nome, duas delas, certamente estariam apagadas, mas haveria sempre aquela outra, aquela que, por sorte (ou azar, já que não faz sentido) ficaria gravada em minha pele.

E enquanto procurava por aquele DVD perdido em minha casa, aquele vídeo com os tais moços cantando, aquele vídeo que ganhei do signo - imagem mental, e apenas mental, da coisa cujo significado tem seu nome - começo a pensar nas letras tantas que já escrevi e tantas besteiras que já disse.

As tatuagens que coloquei em meu sonho foram, todas três, reais. E quando acordei e me coloquei a pensar na carta que escrevi, ouvindo aqueles moços do DVD, e que talvez te faça pensar que quero te tatuar novamente em meu corpo.

Mas não se tatua a mesma coisa duas vezes

E, quem sabe (se não for muito pragmatismo, muito egoísmo; se não for mesmo muita auto-promoção), se a tatuagem mal feita em meu corpo - ainda que profunda - estragar a carreira da artista ?

E fico a olhar para o envelope verde (cheio de palavras sem sentido, escritas ao som dos tais moços) pensando que talvez fosse melhor não ter tatuado nada. Então olho novamente a tatuagem e sorrio um sorriso de quem sabe que uma marca, por mais dolorida que seja, é sempre uma dor querida.
top