Do livro que posso ganhar, só esperança.
Do livro que acabo de ganhar, ansiedade.
Do livro que leio, incógnita.
Do livro que li

do livro que li e não gostei,
do livro que li e reli e não gostei,
do livro que li, reli e emprestei e não gostei.

Dos livros todos que ganhei.
Dos tantos outros que busquei.
Dos livros que encontrei.

Do livro que li e não gostei.
Deste não restará de mim senão estilhaços.

Da doce esperança de ter havido nele uma dedicatória.
Uma síntese do rompante de coragem.

Do livro que li e não gostei, descobri:

Dedicatória não se pede.
 
Uma lembrança. De um momento assim real.
Te proponho um sonho novo, bom, irreal.

Para que assim, ao menos nas lembranças,
para que assim, ao menos na esperança,
para que assim, termos um ao outro.

E aqueles momentos que sonhei sozinho,
aqueles outros tantos que vivi quando partiste,
aqueles momentos que já não são possíveis,
Poderão, enfim, florescer.

Eu te proponho não me lembrar.
Te proponho um cerrar de olhos molhados,
um gosto de lágrimas secas,
e o fim de uma frustração por não chorar.

Te proponho que apareça em meus sonhos,
e realizando os desejos insensatos,
que sonhados não são mais do que relatos,
e na realização deste sonho não vivido,

te proponho um não ao não.
.
ELE
ela te odeia

EU
mas ela nunca nem me viu!

ELE
ela te odeia só por saber quem tu é prá mim
.
.
hoje acordei meio mar

imensidão

quero tomar conta do teu horizonte
.
I want to hesitate more and more and more.
I want you telling me that i have to loose my mind.
I want to be alone but in my loneliness
i hear you whispering in my ears

"there is no need to hide yourself, there is no need to explain yourself"

But i've done my best since i've regret all my nightmares
I've done with all that and wish you

the best
I hear music when I look at you;
A beautiful theme of every
Dream I ever knew.
Down deep in my heart I hear it play.
I feel it start, then melt away.

I hear music when I touch your hand;
A beautiful melody
from some enchanted land.
Down deep in my heart, I hear it say,
Is this the day?

I alone have heard this lovely strain,
I alone have heard this glad refrain:
Must it be forever inside of me,
Why can't I let it go,
Why can't I let you know,
Why can't I let you know the song
My heart would sing?

That beautiful rhapsody
Of love and youth and spring,
The music is sweet,
The words are true -
The song is you.

F. Sinatra.
Para se desculpar dos erros todos ele comprou flores. Para sentir-se menos culpado ele chorou de lado. Sorriu um sorriso amarelo, esperado. Sabia que dessa forma seria perdoado.
Pára outra vez,
Com coração minha esperança,
Pois já vejo chegando o verão, enfim...

Vou ao colchão, sem a certeza se devo sonhar,
pois bem sei que a lágrima quer saltar...

para ti.

Roubo-lhe as rosas, mas que bobagem,
as rosas são minhas, simplesmente as rosas exalam...

o perfume que roubei de ti.

Devias ir, sem ver os meus olhos tristonhos,
e quem sabe lembrar dos teus sonhos para mim.

Devias vir para cerrar meus olhos vermelhos,
e contar os meus sonhos... do fim.
.
Aquela felicidade que outrora dançava na festa das borboletas, agora se prende na garganta, entalada tal qual ressaca de martini.
Arrependida de ter feito aquele sorriso infinito aparecer, ela embrulhou o estômago e resolveu sair duma vez, levando consigo tudo que estivesse no seu caminho.
Enfraquecendo as estruturas, aproveitou-se da queda do corpo ao chão e correu em direção ao que tanto queria destruir.
Parou ali, bem na garganta amaciada pelos sussurros noturnos, criando um desconforto tão forte que espremeu os negros olhos maquiados.
O rosto de neve manchava-se aos poucos com lágrimas de saudade e cinzentos pedaços da felicidade que já começava a sair.
O vomito veio intenso e seco, com inúmeros estilhaços de vidros daquele coração bobo que se partira com palavras de pedra.
O vazio que ficou era tão dolorido e os ecos, ensurdecedores, que o corpo, castigado pela tristeza e ferido de ilusão, não teve mais forças para levantar.
.
"Deixe-me ir, preciso andar." E com essas palavras levantou-se ela num sobressalto e vestiu seu nu mais bonito. E sorriu uma cantiga de ninar. E seu caminhar ganhou um suave balanço.
Hoje a encontrei. Com o novo eu. Que nunca será como.
Hoje a encontrei e tive a certeza, nunca me conheceu.
Hoje a encontrei e me choquei.
Não fiquei arrasado. Não fiquei desencontrado. Não fiquei nada. Só fiquei.

Mas acho que preferia estar arrasado.
Acho que seria uma esperança de que ainda podia dar certo.
Assim... sem sentir nada... não tem mais nada pra acontecer com ela...
e aconteceu tão pouco.


Que estou cansado.

"A graça é procurar alguém que não canse" dirá.
Mas estou cansado é de procurar.
O dia estava ensolarado. O Carro empoeirado e a carta ali, surrada. Leu como se fosse secreta. Riu como fosse surpresa. Chorou como se importasse.




.
primeiro, sonhei com o dia que aquela gaita cantaria um blues
um especialmente choroso só prá eu requebrar delicadamente
depois, quis um solo de uma guitarra desajustado e louco
daqueles que estremecem aqueles músculos visíveis apenas ao toque
quis, também, uma noite inteira de dedilhados de um baixo rouco
para eu balançar o corpo quase desnudo pela sala vazia
já desejei apenas o som da voz suave declamando amores
sussurrando delírios e criando sonhos à meia luz
hoje, exijo apenas o barulho da chuva nas folhas da figueira
para que eu possa te deixar num silêncio chapado de mim
.
Ainda não se viam, mas os olhos procuravam como que hipnotizados. Olhos não se cansam de ver. Já passaram muito tempo separados, então, mais do que justo procurarem um ao outro e se encontrarem pra dar cabo à saudade que ainda queima no peito. Nem importa muito quanto tempo passou. É certo que seja um dia ou dois, muitos meses ou poucos anos, aos amantes cabe sua parte da falta que o outro fez e o desejo de reencontrar.
Ele sentou e se olhou. Sua barba havia crescido. Pensou que se sua alma tivesse metade do tamanho dela, então ele teria que passar um bom tempo no purgatório. Riu. Não era católico nem acreditava naquelas besteiras de vida depois da morte. Não podia mesmo esperar outra coisa dele. É difícil se preocupar com a vida depois da morte quando a própria morte mora em sua geladeira. Ou quando não se tem uma geladeira.

Ela se pintou e se arrumou, havia de ser hoje. Há dois meses que ela planejava o passeio com seu filho. Não queria se despedir, mas, sendo inevitável, que pelo menos ela se entendesse com ele. Pelo menos hoje.
Ele se arrumou como de costume. Sua mãe lhe diria que não se arrumou. Mas não hoje. Hoje era dia de ser paparicado. Talvez por isso vestiu sua melhor roupa.
Outro dia lembrei dela. Lembrei de lembrar dela.
Lembrei de lembrar de não lembrar dela.
E foi tudo como um sonho.

Era um e-mail dizendo que fiz uma coisa. Que não fiz, mas faria por isso não me incomodei.
E percebi que a falta que ela faz talvez não seja a falta que fazia. E percebi que talvez, afinal, as lembranças também se esvaziem.

E lembrei que era preciso escrever. E escrevi. E guardei, porque já não lembrava como era ter uma resposta. Agressão não é lembrança.Guardei mas não apaguei. Porque, afinal, lembrança é sempre lembrança.

E continuei a respirar, é o que faço melhor. Respirar e não pensar.

De vez em vez, lembrar...


.
às vezes não damos atenção
muitas vezes, nem reparamos que ela está lá
mas chega um momento que ela grita
se faz perceber de qualquer maneira
e as palavras se perdem na distância
para aumentar ainda mais o eco
que só se criou hoje
quando tu te sentou ao meu lado
.
Andava pelo passeio. Passeava andando na rua. Era noite. Tinha lua. E lá, no umbigo do mundo, perto, bem próximo ao muro, o Sol também já não brilhava. Nada de estranho. Um estranho a andar.
Era uma vez um planeta chamado Terra. O século é XXI. O ano é 2009. O acontecimento?
Caminha pelas ruas mas não vê nada à sua frente.
Tropeça na lembrança do último beijo.
Entra no Café do Desassossego e continua não acreditando em coincidências.
Pede um expresso. Duplo. Sem açucar que não gosta da vida muito doce mesmo.
Rabisca algumas lágrimas no guardanapo.
Abre a agenda aleatoriamente e planeja seu funeral.
Num só gole, acaba com o café.
Desmarca sua morte e não remarca o dia.
Seca o guardanapo na blusa florida.
Pede um Capuccino com chantilly.
Sai pelas ruas a procura de inspiração.
Pula uma poça e imagina seu próximo quadro.
Atravessa as ruas sorrindo e não vê mais nada à sua frente.
Morre a caminho do hospital.
Vestido deste modo o menino só poderia pensar isso mesmo, concluiu o velho, como numa sentença. Ainda assim lhe parecia um exagero o horror do garoto. Eram os novos tempos, sentenciou novamente.


Acordo. O teto continua o mesmo. Branco. Acordo. A janela mal fechada deixa escapar um resto de luz. De um Sol preguiçoso. Que se deixa esconder pelas nuvens. Nada de extraordinário. Nada de incomum. Lentamente me levanto. Aos fios dos pensamentos. Todos mal pensados. Desleixadamente surgidos na mente ainda sonada. Oníricos. Ou quase isso. Dentro de todos eles uma réstia de ponto duvidoso. Um quê de não sei bem. Uma quase certeza enganosa. Verdadeira.
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