Para se desculpar dos erros todos ele comprou flores. Para sentir-se menos culpado ele chorou de lado. Sorriu um sorriso amarelo, esperado. Sabia que dessa forma seria perdoado.

Não era um crime que havia cometido. Não era bobagem tampouco. Não era muito, nem pouco.

Mas o olhar dela mataria qualquer dúvida de julgamento. Não. Ele havia sido condenado e agora não adiantava anos de trabalho social, semi-escravizado. E se a maior condenação era a pessoal e intransferível; desta estava livre.

Gostava dela. Faria todas as bobagens para merecer um sorriso verdadeiro outra vez. E um abraço. Ainda que precisasse ser hipócrita como não gostava de ser. Ainda que tivesse de dizer um amontoado de palavras que fazem sentido só na cabeça de quem assiste um filme, conformado.

E assim fez.

Ela sabia que não havia sinceridade nas ações e palavras vindas do criminoso. Sabia que ele nunca diria verdades como aquelas mentiras doces. Sabia que ele não se sentia criminoso.

Mas percebeu o esforço que ele fez. E retribuiu esforçando-se para sorrir de forma natural. Ainda que fosse mentira.

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