tag:blogger.com,1999:blog-76893131407681401392024-03-05T04:04:46.205-08:00Letras OrdináriasEscritos Ordinários de seres extremamente ordinários. Nada mais que isso.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/00383202520908120034noreply@blogger.comBlogger60125tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-4789278124678695232010-10-13T09:06:00.000-07:002010-10-13T09:09:32.397-07:00Cratera na cidadeOs pensamentos me passam na alma, como aqueles de que tanto me falaste. Uma cratera, no meio da cidade.Em cima da cratera muita terra e entulho. Em cima do entulho helicópteros passam. Para evitar o trânsito. Tanta tecnologia.<br />
<a name='more'></a><br />
As ondas de rádio transmitem a notícia por todo o país. Os cabos de fibra ópticas levam os computadores à rede, onde não se fala de outra coisa. Tanta tecnologia.<br />
<br />
Os culpados aparecem em baldes. O temente a Deus dirá: "É um sinal". A militância de esquerda culpará a direita. A direita culpará a esquerda. E o centro ? Culpará aos dois. E a ninguém. Tantas discussões.<br />
<br />
A cratera está lá. No centro. O prefeito toma medidas emergenciais enquanto culpa o governador. O governador toma medidas emergenciais enquanto reclama da falta de verba federal. O presidente se exime de culpa enquanto se coloca publicamente a disposição. Tantas discussões.<br />
<br />
Os noticiários escandalosos fazem um "reality-cratera" enquanto os sérios dão a notícia com um sorriso à boca.<br />
<br />
Tanta informação.<br />
<br />
Os programas de fofocas imaginam como estão os soterrados, enquanto os de esporte só comentam o fato.<br />
<br />
Tanta informação.<br />
<br />
Sete pessoas foram soterradas. Sete vidas embaixo dos escombros. Sete almas, coitadas. Enquanto isso, 170 milhões andam, alguns quem sabe, descalços e com muito ar para respirar.<br />
<br />
Mas com todos os sentimentos enterrados.<br />
<div><br />
</div><div><b><i>Escrito em julho de 2007 quando houve o acidente com as obras do metrô de SP</i></b></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-71279865676345969682010-09-13T05:14:00.001-07:002010-09-13T05:14:49.001-07:00Ela em mim<p>É um desânimo frio. É uma uma lembrança dinâmica. É uma dor estática. <br />É uma estátua de ferro. E pés de aço. É um véu que toma o corpo. <br />É uma dúvida certa. E uma certa dúvida. É um crime pagão. Criminoso cristão.</p> <p>É tudo e não é nada.</p> <p>É crer onde não há crença. É a crença de não crer em nada. É sorrir chorando. <br />É chorar e não rir. É oposição e situação. É situação oposta ao que se diz. <br />É o inominável, o fim de partida. É literatura e é drama. É drama e não é teatro.</p> <p>É tudo e não é nada.</p> <p>É a lembrança que machuca. O machucado que faz lembrar. É o corpo estafado. <br />É falar e não ouvir. É não ouvir falar. É comer a própria fome. E sentir o ar. <br />É uma densa névoa, sem guerra. É uma guerra sem névoas. É tiro e paz.</p> <p>É tudo e não é nada.</p> Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-12978400756969002772010-09-03T14:11:00.000-07:002010-09-04T21:39:31.735-07:00Ontem, hoje.Fecho os olhos e corro. Percorro, pontuo, paro. Fecho os olhos, lembro do <i>tópos</i>, lugar comum, ordinário, repetitivo, usado tanto na poesia, para facilitar a memorização, quanto em minha memória, para facilitar a visualização.<br />
<br />
E quanto mais explico, conecto idéias, escrevo, penso, cada vez que alguém diz teu nome, teu apelido, teu rosto, teu corpo; cada vez que vejo tua boca, minhas memórias abrem a tranca da poça d'água salgada, que não devia cair, nem rolar, nem nada.<br />
<br />
<br />
Um nada doído. Um nada que é tudo e por isso é nada. Um nada confuso, como isso que escrevo. Se o que sinto não pode ser descrito, se fica confuso, é porque não há explicação lógica, não há realidade, não há racional ou emocional que tenha, para tantas lembranças, descrição possível.<br />
<br />
E se comparo à dor da amiga, dor de gente falecida, dor de gente doída, pode até parecer que, de fato não é nada. E é por isso que escrever é sempre mais de uma dor. A de lembrar, de escrever, de corrigir, de organizar. E decepcionar, porque o sentir é sempre maior.<br />
<br />
Hoje não.<br />
<br />
Hoje só confusão. Hoje sem rojão, hoje qualquer palavra entra. Qualquer bebida refresca, hoje tudo é outra coisa. Hoje tudo é você. Hoje tudo sou eu.<br />
<br />
Hoje sou só ontem.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-50545266928747112342010-08-26T14:35:00.000-07:002010-08-27T13:19:14.161-07:00Do sonho e da saudade <span style="color: #666666;"> <span style="background-color: #999999; color: black;"> - E foi assim que tudo terminou?</span></span><br />
<div style="background-color: #999999; color: black;"> - Foi, acho que ficou bravo comigo, deu um sorriso e disse adeus. Mas agora eu já esqueci, nem sei mais como era o rosto e o que falou...</div><br />
<i> É que à época não havia isso que chamamos de memória. Você pode achar que é desagradável, mas tem também seu lado bom. Depois que a gente faz algo de errado, não precisa se culpar. Mas há seu lado ruim, uma vez ouvi de alguém uma história bem assim...</i><br />
<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
- Quem é aquele ali ? - perguntou a menina intrigada<br />
- Aquele ali? É Morfeu o apelido dele...<br />
- Mas por quê? - insistiu, curiosa, a menina.<br />
- Se bem me lembro, Morfeu é o nome que se deu, um dia muito antes de hoje, para o criador dos sonhos todos.<br />
<br />
<br />
<br />
<i>E não adiantava explicar pela metade, a menina era mesmo só curiosidade. A conversa inha e vinha, quase sem respirar os sonhos entravam na menina.</i><br />
<br />
- O que é 'lembrar' ?<br />
<br />
<i> </i><br />
<i> Você, que aí está, pode até estranhar, mas naqueles idos lembrança e memória era coisa que só Morfeu conhecia... Bem, só ele não, mas voltemos à história...</i><br />
<br />
- É como sonhar, um sonhar diferente. - E a mais velha já estava mesmo impaciente...<br />
- Me explica?<br />
<br />
<i> Não havia tempo, Morfeu passou pelas duas, esbarrando, gritando, dançando e dizendo:</i><br />
<br />
- Agora estou novo, de novo! Agora estou novo, de novo!<br />
<br />
<i> E antes que a menina entendesse qualquer coisa o tal maluco se sentou. Uma lágrima caiu do rosto metade limpo, metade sujo, que aquele careca cabeludo trazia ali.</i><br />
<br />
- Por quê ele ficou triste, Vozinha? - foi logo perguntando a criaturinha.<br />
- É que ele não escolheu bem o sonho dele.<br />
- Mas, e pode escolher o que a gente vai sonhar, Vozinha?<br />
- Quando a gente sonha acordada, pode.<br />
- E como faz para sonhar acordada? <br />
- É coisa perigosa, e só para gente muito sabida.<br />
<br />
<br />
<i> Claro que a menininha não se contentou com aquela ladainha, mas era tudo o que tinha a dizer aquela voz bem fininha. </i><br />
<i> Ah, você achou que ela era avó da garotinha? Não, não... era mais velha, mas o nome era porque a voz dela era bem pequeninha.</i><br />
<br />
<i> O tempo andou e circulou uma e duas vezes. A menininha já não era tão 'inhazinha' , já estava, de fato, mais grandinha. Mas a curiosidade não ia embora. </i><br />
<br />
- O que Morfeu está fazendo, Vozinha?<br />
- Sonhando acordada, menina.<br />
- A senhora sabe fazer isso, Vozinha?<br />
- Sei sim e também não sei, menina.<br />
- E como é que é possível, coisa assim?<br />
- É fácil saber sonhar acordada, menina, difícil é saber quando parar.<br />
<br />
<i> E com essa ela teve de se contentar. Morfeu continuava a sorrir e a chorar, mas já estava magro demais, não lembrava mais de se alimentar. A menina, boa que era, levava comida bem gostosa e até sobremesa, mas, para Morfeu, não havia mesa.</i><br />
<i><br />
</i><br />
<i> - </i>O senhor consegue me ouvir?<br />
-<br />
- E me ver, o senhor consegue?<br />
<br />
<i> Foi quando Morfeu olhou de lado. A menina não soube, assim com certeza, se ele havia mesmo olhado, ou se estava só parado...</i><br />
<i><br />
</i><br />
<i> - </i>Então eu perguntei se ele conseguia me ver e...<br />
- E ele olhou para você, não foi?<br />
<br />
<i> A Vozinha era mesmo muito sabida...</i><br />
<br />
- Como a senhora sabe?<br />
- Foi porque eu também já fiz isso.<br />
- E ele? Olhou?<br />
- Às vezes ele olha, às vezes não olha. Não é que ele esteja cego, <i>é que ele está olhando só para dentro.</i><br />
<i> - </i>E como é isso de olhar para dentro, Vozinha?<br />
- Eu posso te ensinar, mas é muito perigoso. Você precisa ter cuidado.<br />
- Por quê?<br />
- Porque uma vez que olhamos para dentro, a vontade de olhar para fora diminui.<br />
<br />
<i>- Tenho saudade. De fora e de dentro</i><br />
<br />
- Ué, Vozinha, ele sabe falar? Não entendi, o que ele disse?<br />
- Sabe menina. Ele disse que tem saudade.<br />
- E saudade, o que é?<br />
- É vontade de voltar no tempo e acontecer de novo o que já foi acontecido.<br />
- Quando o estômago dói é que a gente está com saudade de comer?<br />
<br />
<i> A menina era bem esperta, afinal.</i>...<br />
<br />
- É, mas também pode ser quando a gente queria brincar mais.<br />
<br />
<i>Foi quando a Vozinha mostrou bem direito à menina como fazia para olhar só para dentro. E a menina aproveitou, e sonhou e lembrou. Até que Morfeu ela encontrou.</i><br />
<br />
- Agora eu também já posso ser como você, já sei olhar para dentro.<br />
<br />
<i> Então uma coisa muito estranha aconteceu. Morfeu olhou bem no olho da menina, e um dos olhos dele estava chorando e o outro sorrindo. Era um 'troço' bem esquisito.</i><br />
<br />
- Porque você está meio-chorando ?<br />
- Porque estou meio-perdido.<br />
- E porque você está meio perdido?<br />
- Porque metade de mim eu sei que está aqui, com você. Mas a outra metade eu já não sei...<br />
- E pode isso? A gente se dividir assim?<br />
<br />
<i>Agora que a menina sabia olhar para dentro conseguia conversar o outro. E isso ela percebeu...</i><br />
<br />
<i> </i>- É que quando descobri como fazia para olhar para dentro, percebi que também era bom olhar para fora. E fiquei olhando 'meio-para-fora-e-meio-para-dentro' até que uma parte de mim eu esqueci dentro das coisas que já aconteceram comigo...<br />
- Eu achei que era bom fazer isso, para a gente não ficar só para dentro.<br />
<br />
<i> E foi quando Morfeu mostrou que seu nome devia ser mesmo, Sabedoria...</i><br />
<br />
- O melhor, menina, é ser inteiro. É bom olhar para dentro e bom olhar para fora. A gente olha para dentro para saber as coisas boas da gente, e olha para fora para saber as coisas que ainda precisam ser boas em nosso inteiro. Mas a gente só se perde quando tenta fazer tudo ao mesmo tempo.<br />
<br />
<br />
<i>E foi assim que Morfeu inventou o sonho, para saber o que precisamos ter ainda. E a saudade, para nos lembrar do que já temos.</i>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-12870466547857208692010-08-19T12:34:00.000-07:002010-08-19T12:38:13.276-07:00MemóriasComeça a tocar aquela música e logo imagino aquele momento.<br />
E antes que a sensação boa flua por toda a pele aquela outra sensação toma conta.<br />
E antes que a música acabe já estou arrependido de ter lembrado de tantas sensações.<br />
<br />
E arrependido de começar a escrever.<br />
<br />
E já não sei se escrevo àquela que era dona da música,<br />
ou àquela que é dona dos meus sentimentos,<br />
ou àquela outra na qual me vejo, e a vejo, imaginando a si mesma enquanto lê.<br />
<br />
E me arrependo de ter continuado a escrever.<br />
<br />
A música encerra e recomeça.<br />
E já não sei que memórias acionar e que memórias abandonar.<br />
Há tempos que venho tentando descrever e me pergunto:<br />
seria descrever o ato de apagar?<br />
<br />
E me arrependo ter escrito e descrito e lembrado e esquecido.<br />
<br />
E me arrependo de ter vivido. Porque dói depois que a gente morre.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-48203223774057399752010-08-18T10:57:00.000-07:002010-08-18T10:57:22.855-07:00Se tudo fosse simples...O coração seria uma represa.<br />
Os olhos hidrelétricas.<br />
As veias seriam rios.<br />
E sentimentos eletricidade.<div><br />
</div><div>Se tudo fosse simples...<br />
<br />
O coração teria visão.</div><div>Os olhos sentimentos.</div><div>As veias todas teriam sangue.</div><div>E a alma teria nervos.</div><div><br />
</div><div>Se tudo fosse simples...</div><div><br />
</div><div>As hidrelétricas fariam quimeras.</div><div>As represas teriam vida.</div><div>Os rios teriam o que pescar.</div><div>E a eletricidade não seria coisa a se cobrar.</div><div><br />
</div><div>Se tudo fosse simples...</div><div><br />
</div><div>Mas continuo na marginal.</div><div>E meu sangue não tem mais cor.</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-74915067122849004922010-08-06T09:06:00.000-07:002010-08-06T09:06:49.451-07:00Decidido Chorando ele se levantou. E decidiu que não ia pensar no assunto. E levantou-se e saiu de casa. Já apenas com o sal que restou em sua face ele colocou os óculos de Sol. Decidiu que também não veria brilho nenhum.<br />
<a name='more'></a><br />
E pegou seu carro, decidido a ficar parado no trânsito. E acendeu um cigarro, decidido a ter menos fôlego. E ligou para a academia, e desmarcou as aulas, decidido que estava a não se exercitar. E cancelou com os amigos, decidido que estava a não ir à palestra. Nem a aprender.<br />
Seguiu para o trabalho com a pressa habitual, decidido que estava a manter sua rotina. E lembrou-se que não era mais possível manter a rotina que ele tão costumeiramente xingava. E ligou o rádio, afim de escutar alguma besteira e poder reclamar. E levou uma fechada. E gritou e foi humilhado. E multado.<br />
Sentiu uma lágrima escorrer. E virou 'veado'. Secou o rosto com o punho cerrado. Decidido que estava a transformar a vida do outro na sua. E quebrou o vidro do carro ao lado. E o nariz do 'retardado'.<br />
<br />
Não tinha nada de poético naquilo, então ele parou de rimar.<br />
<br />
E seguiu sua vida até o trabalho, decidido que estava a não se atrasar. E sentou-se em sua sala, decidido que estava a terminar o relatório. E colocou café em sua xícara, para não dormir, estava decidido a não mais sonhar.<br />
Terminou seu relatório e engoliu seu almoço, decidido como estava a não ficar doente. E evitou conversas amenas, decidido que estava a não relacionar-se. E terminou seu dia exatamente como estava, decidido a encerrar.<br />
<br />
E olhou pela janela, viu quem queria esquecer. E sorriu, e recebeu de volta um sorriso. E o mundo voltou a girar.<br />
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-37350399353820573522010-08-03T06:32:00.000-07:002010-08-03T06:32:21.613-07:00As bolas do céu Quando me disseram que aquela bola amarela no meio do pano escuro (que chamam de noite) tinha o nome de Lua, eu pensei que fosse mentira.<br />
<a name='more'></a> <br />
É que sou velho já e soube da história verdadeira e real, porque eu estava lá. Aquela bola amarela que aparece no pano escuro é muito diferente da outra, que faz arder os olhos.<br />
<br />
Ninguém me contou o que vou narrar. Quero dizer, as minhas lembranças me contaram, mas aí não conta, ou conta? Faz de conta que não conta.<br />
<br />
Antigamente não era assim. Não havia bola nenhuma. E tudo era azul. Ou preto. Nem os pontinhos brancos, que hoje chamam de estrelas, estavam aí.<br />
<br />
Quando eu era "pequeno-mas-não-muito" eu gostava de andar a esmo. Daqui para lá, de lá para adiante, de adiante para longe e, às vezes, voltar.<br />
<br />
É como diz aquele livro cheio de aventuras:<br />
<blockquote>"Se não prestarmos atenção em nossos pés eles nos levam para o desconhecido"</blockquote> Bem, não era exatamente assim, mas gosto das coisas do jeito que elas me vem à cabeça, de memória. Perfeição é um troço muito chato.<br />
<br />
Uma vez, quando eu estava longe, conheci uma dupla meio estranha. O nome dele é coisa que se perdeu no tempo antigo e o dela era Luana (e agora as coisas até que ganham um pouco de sentido).<br />
<br />
O caso é que moravam, os dois, em uma floresta. Eu havia me perdido, estava seguindo as pistas de um cavalo bem bonito que eu queria acarinhar.<br />
<br />
Cada vez que eu chegava perto do bicho ele <i>corria</i> <i>com medo de mim</i>. Eu a sorrir e ele a fugir.<br />
<br />
Não posso dizer como era o tal cavalo porque já não sei. Mas foi admirando sua crina e tentando roubar um pouco para meu violino (que perdi já não lembro onde) que o dia terminou.<br />
<br />
E assim, de uma hora para outra, estava escuro. Quando olhei para o lado<i> havia ervas e árvores</i>, mas não havia gente. Percebi que estava perdido e fiquei com medo.<br />
<br />
Uns sons estranhos pularam do meio do pano preto e eu estava quase chorando quando vi uma luz na copa de uma árvore ao longe.<br />
<br />
Entre chorar e andar eu preferi o andar. Os detalhes não sei direito. Estava escuro e eu com lágrimas escorrendo. Conforme eu disse, enxuguei a água e mexi meus pés.<br />
<br />
Cheguei àquela luz, ou melhor, na árvore de copa estranhamente acesa. Eu gritei. A luz apagou. Quando eu estava quase molhando a bochecha com sal ouvi alguém me chamar.<br />
<br />
Olhei para trás e e pensei ter visto um bruxo, mas logo vi que eram duas pessoas:<br />
<br />
- Me chamo Luana - disse a menina<br />
- Me chamo - disse o menino<br />
<br />
O nome dele eu esqueci mas não importa para a estória. Foi desta forma que eu conheci os dois. Eram pessoas bacanas, quer dizer, eram só bacanas, porque gente eles não eram...<br />
<br />
Na verdade eram criados pelo tal bruxo e agora eu acho que tinha mesmo visto o tal sujeito. O menino chamou para dormir na casa deles e o mais velho concordou, por isso eu fui.<br />
<br />
Fiquei por lá um tempo grande. Conheci o menino e a menina bem bastante. mas tinha um problema: começaram a brigar demais.<br />
<br />
Era um "gostar-desgostando" o que sentiam aqueles dois. Um dia, numa grande discussão, o bruxo apareceu. E viu os dois brigando e reclamando e jogando árvores ao chão e pisando nas flores. E estes pisões foram coisa que o bruxo não gostou.<br />
<br />
E avisou uma e duas vezes mas a dupla não aprendeu. Foi assim que a coisa toda aconteceu.<br />
<br />
Num dia de mal humor, ao ver a dupla pisar num Girassol (e agora lembrei que era esse o nome do menino)o bruxo os amaldiçoou:<br />
<blockquote>Enquanto não fizerem as pazes ficarão grudados no céu</blockquote> Girassol com o tempo virou Sol. E Luana virou Lua. E as estrelas sou eu. Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-35179495863410817862010-08-02T12:31:00.000-07:002010-08-02T12:34:21.196-07:00Poema marginal<a name='more'></a><br />
O falo enrijecido, alto e nobre e lúcido.<br />
Os lábios de uma vulva, molhada e vermelha e sábia.<br />
Da sabedoria que nenhum sentimento possui.<br />
<br />
Os lábios de uma vulva, molhada e vermelha e sábia.<br />
O falo enrijecido, alto e nobre e lúcido.<br />
Da lucidez que nenhum falo possui.<br />
<br />
O falo, os lábios, a cama.<br />
Os corpos, secos, prontos para suar.<br />
<br />
E os lábios da vulva: molhados, sábios.<br />
E o falo: nobre, alto.<br />
<br />
Dois corpos, uma cama.<br />
E um poema marginal.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-39882053134204667422010-07-29T21:58:00.000-07:002010-07-29T23:02:22.136-07:00.minha amanda..<div>eu a chamava de amêndoa</div><div>achando que combinava com o caminhar</div><div><br /></div><div>longas pernas, passos curtos, cabelos ao vento</div><div>um sutil e delicado rebolar </div><div><br /></div><div>dedos magros, unhas vermelhas, ombros desnudos</div><div>aquela onda toda ao pisar</div><div><br /></div><div>e eu a chamava de amêndoa</div><div>ria alto, enchia a boca </div><div>só para ela parar e me beijar</div><div>.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/00383202520908120034noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-47634643792868672172010-07-20T16:49:00.000-07:002010-07-20T16:49:13.691-07:00Fazer o quê?Fazer o quê com a falta daquilo que você nunca me deu? Fazer o quê com as criações todas dos meus sonhos (sonhados em conjunto, num conjunto solitário)?<br />
<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
Fazer o quê com a possibilidade criada sozinha, vivida num sofrimento onírico, num momento único, no fundo de um'alma recitada?<br />
<br />
Fazer o quê se tenho que voar? Fazer o quê com a tristeza que restar? E como voar sozinho, se o vôo é, em si mesmo, dois caminhos?<br />
<br />
Fazer o quê se não sei rezar? Se não sei chorar? Se não sei cantar, andar, falar? Fazer o quê, se o caminho é você?<br />
<br />
Se o céu for mesmo cinza e a exceção for o azul e não o contrário? Se as estrelas todas forem cadentes? Se a Lua for Sol e não aparecer esta noite? Fazer o quê se tudo é noite?<br />
<br />
Se a caneta perder a tinta? Se a tinta manchar o papel? Se o papel borrar as palavras?<br />
<br />
Fazer o quê se as palavras são sentimentos?<br />
<s><br />
</s><br />
<s>Perder-se num momento e perguntar: Fazer o quê?</s>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-32516592241546638162010-07-16T06:34:00.000-07:002010-07-16T07:10:54.374-07:00Sob a Baía de GuanabaraDizem que vive, ali sob a Baía de Guanabara, um 'pequeno se'. A ressaca do mar, segundo dizem, é a saudade que sente de um grande amor.<br />
<br />
Em frente à Baía de Guanabara é que se conheceram, meio por acaso, dizem...<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
E o 'pequeno se', que era então um 'grande sendo', beijou ali sua amada, bem ali, diante<br />
da Baía de Guanabara.<br />
<br />
Brigas não existiam, nem tampouco morosidade, era perfeito, segundo dizem, o amor dos<br />
dois, apesar da tenra idade.<br />
<br />
Mas um dia o 'grande sendo' tomado por ciúme e vendo sua amada sorrir a outra criatura,<br />
fechou a cara e os olhos.<br />
<br />
Foi por pouco tempo, tempo de fechar e molhar os olhos mas, quando abriu, a amada<br />
estava enorme.Quando foi se desculpar o 'grande sendo' já não era grande nem sendo, era só 'ser' e sua<br />
amada o perdôou, ou foi assim que se contou...<br />
<br />
O amor já não era perfeito, mas era ainda grande e belo amor. Foi por cima (e por conta<br />
dele) que se construiu o Pão de Açúcar, acho que foi assim que a coisa toda se passou...<br />
<br />
A estátua de Cristo, de mãos cerradas, sorriu ao ver a grande obra do amor.<br />
<br />
Pássaros migraram e povoaram a Baía de Guanabara, peixes se deslocaram, belas ondas<br />
por ali chegaram, ninguém ali sabia o que era dor...<br />
<br />
Até que chegou um dia e a amada já sabia que era um dia especial. Foi então que subiu<br />
o morro e colheu dele a flor mais bela, perfumou-a com o seu perfume e parou para<br />
descansar.<br />
<br />
Lá em cima avistou um pássaro e a ele perguntou que roupa deveria usar. Olharam e<br />
conversaram até que ela voltou.<br />
<br />
Ressaca maior nunca se viu, a praia toda ele destruiu, coqueiros derrubou e assim a vida<br />
de muitas aves ele ceifou.<br />
<br />
E tudo isso porque ela conversou...<br />
<br />
O 'ser' não entendia que tamanha rebeldia, fazia crescer sua amada, e diminuir sua toada...<br />
<br />
Pássaros foram embora, o Sol se escondeu atrás do branco, o Pão de Açúcar virou<br />
bondinho e o até a estátua abriu os braços, mas o 'ser' não se desculpou...<br />
<br />
A amada molhou a face com lágrima salgada, mergulhou no doce mar e procurou mas o<br />
perdão não estava ali, na Baía de Guanabara.<br />
<br />
Foi assim que o mar ficou salgado...<br />
<br />
Ela jurou voltar um dia, assim que seu coração deixar...<br />
<br />
E foi assim, segundo contam, que o 'Grande sendo' se tornou um 'pequeno se'.<br />
<br />
Hoje ele vive escondido, sob a Baía de Guanabara, e, dizem, quando chora sua amada, todo mar se revolta e se torna 'ressacada'...Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-37327176183223246742010-07-15T20:43:00.001-07:002010-07-15T21:16:47.875-07:00.das pequenas necessidades.<span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Não dá mais.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Éé....</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: É sério, não temos mais um nós. Acho melhor acabar.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Vai lá. Como mês passado, né?</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Não, amor, é sério. Preciso saber o que tu pensa, se não acha que é melhor.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Ah, mulhé, pára de loquiar. Vem ver futebol aqui.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Ok, era tudo que eu precisava ouvir.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">[Silenciosamente, ela deixa a sala, vai para o quarto, arruma a mala.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Meticulosamente, ela seleciona as roupas que mais gosta, as mais caras, as melhores e - obviamente - as mais desnecessárias.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Carinhosamente, cheira o colchão em busca de lembranças doloridas.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Vagarosamente, volta - pronta - para a sala.]</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Tá, hoje resolveu encenar sério. Hahahahaha</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Eduardo, eu vou embora. Amanhã minha mãe vem buscar o resto das minhas coisas.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Hahahahaah Até de Eduardo resolveu me chamar. Aqui ó, cansei disso.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Eu também.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Se tu pisar um pé por aquela porta afora, tu não entra mais mesmo. Cansei dessas ceninhas.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Não esquece que eu te amo mais do que tudo.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Pois deixe de me amar ali no corredor já.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Não precisarei chegar até o corredor.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Tá, vai lá. Pode me deixar. Tu nunca vai me esquecer.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Eu sei disso.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Tu nunca vai encontrar alguém que te ature como eu. Volta pra cá que eu faço de conta que nada aconteceu.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Não. Esta é a única vez séria que faço isso, Eduardo.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Tu nunca vai me esquecer, mulher.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Eu já te disse que sei disso. Sempre saberei.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELE: Tu mesma disse milhares de vezes que eu mudei tua vida. Vem cá.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ELA: Te disse sim. Mas tu acreditou nisso e não eu.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">[Aliviadamente saiu pelo corredor.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Aquela porta nunca mais foi fechada.]</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">.</span></div></span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/00383202520908120034noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-52998925352685412382010-07-12T22:25:00.000-07:002010-07-13T09:35:16.436-07:00. da necessidade das palavras .<p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:x-small;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><p class="MsoNormal"></p><p class="MsoNormal"></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Ele me acorda perguntando: ~ o que foi que eu fiz?</span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Tentando não gritar de novo, cochicho: ~porra, é sério que preciso dizer?<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> </span></span></o:p></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">É sério que preciso dizer que tu abala minhas estruturas?<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">É sério que preciso dizer que me sinto uma completa imbecil por pensar em ti pelas ruas?<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">É sério que preciso dizer que há muito tempo alguém não entrava tão fundo nesse jardim completamente fechado?<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">É sério que preciso dizer que isso é a coisa mais estúpida e mais linda que me aconteceu nos últimos tempos?<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">É sério que preciso dizer que tu não entendeu que eu me apaixono por 32 segundos e depois desapaixono?<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">É sério que preciso dizer que já se passaram 32 segundos?<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> </span></span></o:p></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">E é sério que preciso dizer que já se passaram mais de 32 dias até?<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> </span></span></o:p></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Voltei minha cabeça no travesseiro.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Nunca uma xícara de café foi tão silenciosa como a que veio em seguida.<o:p></o:p></span></span></p> <span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">.</span></span></span><p></p><p></p></span><p></p>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/00383202520908120034noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-22108105148021616732010-06-30T13:51:00.000-07:002010-06-30T14:01:12.268-07:00Planeta TerraO mundo é grandalhão<br />
tem água, rio e até pão.<br />
O mundo é mesmo bem grandão<br />
tem gente homem, gente mulher e até ladrão.<br />
<br />
Mas o mundo pode ser pequenininho,<br />
tem mosquito, tem formiga e tem anão.<br />
O mundo é mesmo bem pequenino<br />
ontem mesmo eu encontrei aquele menino.<br />
<br />
Mas é bonito esse tal de Planeta Terra,<br />
mesmo que nossa avó fique doente, depois a gente enterra.<br />
É bonito mesmo o planeta Terra,<br />
a gente vê o Sol, a Lua e até alguma cratera.<br />
<br />
Um dia eu vou ser bem grandona,<br />
quem sabe posso ser bonita e deixar de ser pequeninha?<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><b>Yasmin*</b></div><div style="text-align: center;"><b><br />
</b></div><blockquote>Yasmin é meu alter-ego feminino e poeta de 13 anos</blockquote>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-59803559236524865732010-06-29T13:52:00.000-07:002010-06-29T13:52:08.292-07:00E ai de mim...Um céu - que nasceu cinza e ficou azul e se calou rosado - passou por mim hoje.<br />
Uma janela - que mostrou o céu nascer cinza, azular e 'rosa-morrer' - se postou diante de mim hoje.<br />
E os sonhos que me acompanharam por breves momentos deram espaço à já conhecida e (nem tão) amiga insônia.<br />
<br />
E ai de mim se abrir a boca para reclamar.<br />
<br />
Há sempre milhões de soldados feridos, meninos bandidos e outras mazelas cujas dores serão sempre infinitamente maiores que as minhas.<br />
Haverá sempre milhões de amigos prendados, companheiros armados e outros seres dispostos a darem uma solução digna e retilínea para meus problemas.<br />
<br />
E ai de mim se abrir a boca para reclamar.<br />
<br />
Um céu - e ainda que fossem dois ou três ou quatro mil - que não comporta a minha 'felicidade-monstro' bicho inexistente mas que pronto se posta logo aí, presente.<br />
Uma janela - que mostro às vezes ao cobertor, travesseiro ou consciência que valha - da qual não entram pingos de chuva mas caem lágrimas de sal (como o suor dos soldados sofridos).<br />
<br />
E ai de mim se abrir a boca para reclamar.<br />
<br />
Haverá sempre um para demonstrar com clareza filosófica - destas filosofias que não são de alcova mas cairiam bem a uma prisão - que minha dor não é mais do que o resultado de uma vida de privilégios.<br />
Há sempre algum privilégio para desqualificar a dor.<br />
<br />
E ai de mim se abrir a boca.Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-19731606797449671032010-06-29T08:16:00.000-07:002010-06-29T08:21:13.848-07:00EstafadoNão é um estado de espírito.<br />
Não é apenas um caso de cansaço puro e simples.<br />
Não é mesmo nada.<br />
<br />
Porque se há tanto na definição da palavra, o paradoxo não é meu.<br />
<br />
Não é, também, por nada de novo.<br />
Não é, também, por nada que vá mudar.<br />
Não é, também, por algo que eu tenha feito.<br />
<br />
Porque, se escrevo tanto para definir a palavra, é por procurar definição no vazio.<br />
<br />
Não é um caso passageiro.<br />
Não é apenas um estado de exaustão pura e simples.<br />
Não é mesmo nada.<br />
<br />
Porque, se defino tanto o nada, que importância resta para o tudo?Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-76224001103986969892010-06-28T07:37:00.001-07:002010-06-28T07:37:29.223-07:00Livro (semi-)abertoQuando você se senta e lê.<br />
Quando você ouve aquela música e abre o livro para ler.<br />
E quando você fecha o livro porque a música não te deixa ler.<br />
<br />
Não é a música. É o quadro que a música pinta no lugar da sua cabeça que deveria estar vazio para ler outro livro.<br />
<br />
Quando você desliga a música e senta.<br />
Quando você percebe que não era a música que não te deixava ler.<br />
<br />
É aí que você esquece e desiste de ler.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-8168588837282423652010-06-16T12:05:00.000-07:002010-06-16T12:06:09.071-07:00Cheiros e lembrançasEspalho pensamentos pela sala de estar.<br />
<div>Vou à varanda deito-me à rede e observo os vizinhos.</div><div>Televisões ligadas, sons comuns de pessoas comuns.</div><div><br />
</div><div>Tudo em seu lugar.</div><div><br />
</div><div>Observo os cheiros que vem com o vento. O vento que não vem.</div><div>E as lembranças de um gosto que ficou no passado. Ela não voltará.</div><div><br />
</div><div>Tudo em seu lugar.</div><div><br />
</div><div>Ninguém pediu que ela voltasse. Ninguém duvidaria que ela voltasse.</div><div>As lembranças que fazem falta não tem um nome, um rosto, uma presença.</div><div>São apenas lembranças de quem sabe o gosto amargo de que não nasceu para aquilo.</div><div><br />
</div><blockquote><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">E com o desconforto da alma mal-entendendo.</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Ele morrerá e eu morrerei.</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">E a língua em que foram escritos os versos.</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Sempre uma coisa defronte da outra,</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Sempre uma coisa tão inútil como a outra,</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Sempre o impossível tão estúpido como o real,</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family: Verdana; font-size: small;">Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.</span></blockquote><br />
E se aquela casar, aquela outra namorar e aquela primeira esquecer. Não mudará o cheiro das fotografias e lembranças. Nem a lembrança de que sonhos não tem cheiro.Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-68122138596040932542010-06-09T12:52:00.000-07:002010-06-09T12:52:39.825-07:00QuimeraEla tem olhos que me devoram,<br />
tem palavras que me desmontam,<br />
e um corpo que me embasbaca.<br />
<br />
Ela tem gestos que a fazem singular,<br />
eu a olho com uma visão plural,<br />
e palavras perto dela são clichês.<br />
<br />
Eu sorrio e a vejo em meus sonhos,<br />
tenho ilusões pouco sigilosas,<br />
e um tanto criminosas.<br />
<br />
Eu escrevo pensando nela,<br />
ela vive sem saber de mim,<br />
e no final é só um poema mesmo.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-8598655981290603122010-06-08T05:39:00.000-07:002010-06-08T05:39:45.454-07:00Don't cry<div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; color: #555555; font-family: 'Trebuchet MS', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 20px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: red;">Talk to me softly</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; line-height: normal;">Cause my ears are not prepared<br />
To hear what yours eyes are saying</span></span></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; color: #555555; font-family: 'Trebuchet MS', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 20px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: red;">There's something in your eyes<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; line-height: normal;">something that I've seen before<br />
something that I've felt before</span></span></span></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; color: #555555; font-family: 'Trebuchet MS', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 20px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: red;">Don't hang your head in sorrow<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; line-height: normal;">Even if I've said it before<br />
Even if I've looked at you before<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px;"><br />
</span></span></span></span></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; color: #555555; font-family: 'Trebuchet MS', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 20px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: red;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Trebuchet MS', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px;">And please don't cry<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; line-height: normal;">After all we both know you don't want to<br />
Even if I cry</span></span></span></span></span></span></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 20px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: red;">I know how you feel inside<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; line-height: normal;">Cause I have feelings too,<br />
Even if you don't care about it.</span></span><br />
<br />
I've been there before<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; line-height: normal;">I've seen that before<br />
I've felt that before</span></span></span></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 20px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: red;"><br />
Somethings changing inside you<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; line-height: normal;">But It's not a excuse to hurt me<br />
At least, It's not a excuse for you to try to hurt me</span></span><br />
<br />
And don't you know<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; line-height: normal;">I've never loved you,<br />
I've never think about it</span></span></span></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 20px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: red;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; line-height: normal;">And for that, I am so sorry.</span></span></span></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-31771350930468750582010-06-07T09:49:00.000-07:002010-06-07T09:54:37.999-07:00Essa noite eu tive um sonho.Não era nada fora do comum. Eu fiz três tatuagens. E acordei pensando nas tatuagens.<br />
<div><br />
</div><blockquote>Devia ter pensado melhor nas tatuagens antes fazê-las.</blockquote><br />
E não adianta mais dizer aos outros que <i>não me sinto só</i>. Nem eu mesmo acredito nessas bobagens.<br />
<br />
E se as tatuagens tivessem nome, duas delas, certamente estariam apagadas, mas haveria sempre aquela outra, aquela que, por sorte (ou azar, já que não faz sentido) ficaria gravada em minha pele.<br />
<br />
E enquanto procurava por aquele DVD perdido em minha casa, aquele vídeo com os tais moços cantando, aquele vídeo que ganhei do signo - <i>imagem mental, e apenas mental, da coisa cujo significado tem seu nome</i> - começo a pensar nas letras tantas que já escrevi e tantas besteiras que já disse.<br />
<br />
As tatuagens que coloquei em meu sonho foram, todas três, reais. E quando acordei e me coloquei a pensar na carta que escrevi, ouvindo aqueles moços do DVD, e que talvez te faça pensar que quero te tatuar novamente em meu corpo.<br />
<br />
<blockquote>Mas não se tatua a mesma coisa duas vezes</blockquote><br />
E, quem sabe (<i>se não for muito pragmatismo, muito egoísmo; se não for mesmo muita auto-promoção</i>), se a tatuagem mal feita em meu corpo - ainda que profunda - estragar a carreira da artista ?<br />
<br />
E fico a olhar para o envelope verde (<i>cheio de palavras sem sentido, escritas ao som dos tais moços</i>) pensando que talvez fosse melhor não ter tatuado nada. Então olho novamente a tatuagem e sorrio <b>um sorriso de quem sabe que uma marca, por mais dolorida que seja, é sempre uma dor querida.</b>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-68972944638424356782010-05-31T14:01:00.000-07:002010-05-31T14:01:29.109-07:00"Indizível"O que você quer eu não posso dizer.<br />
E quando você pensa em dizer eu desisto de ouvir.<br />
<br />
O que você acha que quer, mas não quer insistir?<br />
<br />
Todos os dias eu vou e volto até a estrada e descubro que a noite é igual.<br />
Como eu. E não me peça para mudar. Demorei para me engessar.<br />
<br />
<div>O que você esperava de alguém que já não espera nada?</div><div><br />
<div>O que você de mim quer eu não quero nem pensar.<br />
E se o penar é alto demais, adeus. Não é assim tão difícil dizer.<br />
</div><div>Já não penso em precipício, me jogar com alguém, nem em piscina de bolinha...</div><div><br />
</div><div>Mas não me pensa nem insista.<br />
O que você quer eu não posso dizer.<br />
<br />
E quando ouço alguém dizendo o mesmo me parece fantasia.<br />
<br />
Algo como um Sol que se põe ao longe, num filme. Bonito de ver, difícil de acreditar.<br />
O preço que me cobra é alto demais.</div></div><div><br />
</div><div>E eu sou baixo demais.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-62154044729304455072010-05-21T14:59:00.000-07:002010-05-21T14:59:48.742-07:00É noiteA noite é longa minha amiga.<br />
A noite é longa e és minha amiga.<br />
Esqueças as bobagens que te disse.<br />
Esqueças os poemas que te escrevi.<br />
<br />
A noite é longa e minha amiga.<br />
Ainda há tempo para descobrires.<br />
As palavras que engoli em vão.<br />
As palavras que engoli para ter razão.<br />
<br />
A noite é dia hoje.<br />
"A lua é mais benigna que o Sol;<br />
alumia mas não brasa"<br />
E hoje, a noite terá fogo.<br />
<br />
É noite, minha amiga.<br />
Esqueça o que te disse enquanto era dia.<br />
É noite, minha amiga.<br />
Esqueça o que sonhaste enquanto dormia.<br />
<br />
É noite.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7689313140768140139.post-40306194898457196752010-05-19T13:46:00.000-07:002010-05-19T13:46:11.743-07:00Poema do nãoSe for falar de tristeza não pense em lágrimas<br />
se for escrever poesia de entristecer não molhe palavras<br />
se for ouvir música que esconde o sol não veja as nuvens.<br />
<br />
Porque não é ali que reside tudo aquilo que é triste,<br />
não é ali que a alma suspira e olha para cima,<br />
procurando a alma d'alma.<br />
<br />
Não é no rosto deprimido de um não que reside a dor,<br />
mas na lembrança de tanto sim que passou.Unknownnoreply@blogger.com1