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Aquela felicidade que outrora dançava na festa das borboletas, agora se prende na garganta, entalada tal qual ressaca de martini.
Arrependida de ter feito aquele sorriso infinito aparecer, ela embrulhou o estômago e resolveu sair duma vez, levando consigo tudo que estivesse no seu caminho.
Enfraquecendo as estruturas, aproveitou-se da queda do corpo ao chão e correu em direção ao que tanto queria destruir.
Parou ali, bem na garganta amaciada pelos sussurros noturnos, criando um desconforto tão forte que espremeu os negros olhos maquiados.
O rosto de neve manchava-se aos poucos com lágrimas de saudade e cinzentos pedaços da felicidade que já começava a sair.
O vomito veio intenso e seco, com inúmeros estilhaços de vidros daquele coração bobo que se partira com palavras de pedra.
O vazio que ficou era tão dolorido e os ecos, ensurdecedores, que o corpo, castigado pela tristeza e ferido de ilusão, não teve mais forças para levantar.
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3 comentários:

@diaboloiro disse...

Felicidade em gotas...

Unknown disse...

Bolinhas da alegria..

Victor Amatucci disse...

Acho que é uma das coisas mais tristes que já li:

"O vomito veio intenso e seco, com inúmeros estilhaços de vidros daquele coração bobo que se partira com palavras de pedra"

E fere feito pedra tb...

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