Não era nada fora do comum. Eu fiz três tatuagens. E acordei pensando nas tatuagens.

Devia ter pensado melhor nas tatuagens antes fazê-las.

E não adianta mais dizer aos outros que não me sinto só. Nem eu mesmo acredito nessas bobagens.

E se as tatuagens tivessem nome, duas delas, certamente estariam apagadas, mas haveria sempre aquela outra, aquela que, por sorte (ou azar, já que não faz sentido) ficaria gravada em minha pele.

E enquanto procurava por aquele DVD perdido em minha casa, aquele vídeo com os tais moços cantando, aquele vídeo que ganhei do signo - imagem mental, e apenas mental, da coisa cujo significado tem seu nome - começo a pensar nas letras tantas que já escrevi e tantas besteiras que já disse.

As tatuagens que coloquei em meu sonho foram, todas três, reais. E quando acordei e me coloquei a pensar na carta que escrevi, ouvindo aqueles moços do DVD, e que talvez te faça pensar que quero te tatuar novamente em meu corpo.

Mas não se tatua a mesma coisa duas vezes

E, quem sabe (se não for muito pragmatismo, muito egoísmo; se não for mesmo muita auto-promoção), se a tatuagem mal feita em meu corpo - ainda que profunda - estragar a carreira da artista ?

E fico a olhar para o envelope verde (cheio de palavras sem sentido, escritas ao som dos tais moços) pensando que talvez fosse melhor não ter tatuado nada. Então olho novamente a tatuagem e sorrio um sorriso de quem sabe que uma marca, por mais dolorida que seja, é sempre uma dor querida.

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