Fecho os olhos e corro. Percorro, pontuo, paro. Fecho os olhos, lembro do tópos, lugar comum, ordinário, repetitivo, usado tanto na poesia, para facilitar a memorização, quanto em minha memória, para facilitar a visualização.
E quanto mais explico, conecto idéias, escrevo, penso, cada vez que alguém diz teu nome, teu apelido, teu rosto, teu corpo; cada vez que vejo tua boca, minhas memórias abrem a tranca da poça d'água salgada, que não devia cair, nem rolar, nem nada.
Um nada doído. Um nada que é tudo e por isso é nada. Um nada confuso, como isso que escrevo. Se o que sinto não pode ser descrito, se fica confuso, é porque não há explicação lógica, não há realidade, não há racional ou emocional que tenha, para tantas lembranças, descrição possível.
E se comparo à dor da amiga, dor de gente falecida, dor de gente doída, pode até parecer que, de fato não é nada. E é por isso que escrever é sempre mais de uma dor. A de lembrar, de escrever, de corrigir, de organizar. E decepcionar, porque o sentir é sempre maior.
Hoje não.
Hoje só confusão. Hoje sem rojão, hoje qualquer palavra entra. Qualquer bebida refresca, hoje tudo é outra coisa. Hoje tudo é você. Hoje tudo sou eu.
Hoje sou só ontem.
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1 comentários:
...minhas memórias abrem a tranca da poça d'água salgada...
É hoje poeta. Minha dor tá escancarada.
Seu poema alivia. Obrigada.
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