Os pensamentos me passam na alma, como aqueles de que tanto me falaste. Uma cratera, no meio da cidade.Em cima da cratera muita terra e entulho. Em cima do entulho helicópteros passam. Para evitar o trânsito. Tanta tecnologia.

As ondas de rádio transmitem a notícia por todo o país. Os cabos de fibra ópticas levam os computadores à rede, onde não se fala de outra coisa. Tanta tecnologia.

Os culpados aparecem em baldes. O temente a Deus dirá: "É um sinal". A militância de esquerda culpará a direita. A direita culpará a esquerda. E o centro ? Culpará aos dois. E a ninguém. Tantas discussões.

A cratera está lá. No centro. O prefeito toma medidas emergenciais enquanto culpa o governador. O governador toma medidas emergenciais enquanto reclama da falta de verba federal. O presidente se exime de culpa enquanto se coloca publicamente a disposição. Tantas discussões.

Os noticiários escandalosos fazem um "reality-cratera" enquanto os sérios dão a notícia com um sorriso à boca.

Tanta informação.

Os programas de fofocas imaginam como estão os soterrados, enquanto os de esporte só comentam o fato.

Tanta informação.

Sete pessoas foram soterradas. Sete vidas embaixo dos escombros. Sete almas, coitadas. Enquanto isso, 170 milhões andam, alguns quem sabe, descalços e com muito ar para respirar.

Mas com todos os sentimentos enterrados.

Escrito em julho de 2007 quando houve o acidente com as obras do metrô de SP

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